segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ela...

Ela estava sentada observando. Olhava para o lado e via como as coisas naquela cidade funcionavam, não queria pecar por falta de humildade, mas também não queria admitir que sentia tudo tão pequeno e vazio.Nos seus braços, a sua bolsa....dentro de sua bolsa o universo que restava. Inúteis papeis livreto de bolso, chaves do apartamento antigo, fuligem de cigarro, isqueiro, palitos de fósforo e papeis de bala
Tudo que restou da sua vida antiga, colocadas ali, dentro de uma bolsinha de coro, pequena e charmosa, como ela deveria ser, como ela odiaria ser.
Enquanto caminhava, as pessoas percebiam: Ela não era dali. Reparavam que ela não se vestia como uma garota dali e não se portava assim, ela fazia o estilo “ estou nem aí” próprio dela, ela imaginou: Será que posso mudar esta cidade....
A resposta foi imediata: Não
Será que posso mudar desta cidade: outro não suntuoso sai da boca de seu pai, com uma lagrima de sua mãe
Ela ficou ali
Sentada
Algum tempo, olhando e observando tudo isto
Alguns anos se passaram....
E Ela continuava ali....sentada
Naquele pouco de chão
Naquele tantinho de sonhos
Com a pequena bolsa de couro: agora batom e perfume
E a solidão
Ela ficou ali
Sentada mais alguns anos.....
Os cabelos ficaram brancos, seu rosto, queimado de tanto esperar sob o sol
Um dia Ela com sua bolsa, sentada....dormiu
E não mais acordou

Um comentário:

Marcus Pantaleão disse...

Ela...

Se o que era dela cabia numa bolsa, como ela mesma não se cabia dentro de si? Ela não cabia dentro de si ben da cidade. Não cabia no mundo. Era maior do que a bolsa, a cidade, o tédio e o mundo.

E ela sentou pra esperar a hora de ir pra além disso tudo em que não cabia, um trecho de tempo, do quando ao além-quando, esperando seu tempo de ser onde.

Lindo texto.